Monday, March 31, 2008

Pode-se dizer que, este fim de semana, a autora deste blog assim meio tremido, andou a aprender umas cenas e isso!

Tipo, as verdades da vida...

Ou não se chamasse o lugar República da Cerveja!

Giro, giro, foi andar a tocar naqueles instrumentos extremamente barulhentos que os gajos têm lá na Ex-Expo 98, que fazem um eco e um cagaçal danados, especialmente à uma da matina...

















Friday, March 28, 2008

Coisas de miúda

Encontrei umas calças de ganga que me ficam mesmo bem ao rabo.
Desta vez, excedi-me: larguei quase 20 euros por elas.

Uma loucura!!


Thursday, March 27, 2008

Já que se fala de Pedagogia

Circulando por Peniche, por vezes, encontro-me com miúdos que foram meus alunos no ano lectivo passado.

Imagino se, agora que não sou professora deles, lhes posso colocar questões tipo:

“Tu snifas cola de sapateiro, não snifas?”

Wednesday, March 26, 2008

E eis que começamos a compreender de onde vem tudo aquilo que somos.

Não, não estou filosófica. Filosofia é o departamento da Índia.
Estou realista. Estou pasma com a realidade. Estou metaforicamente ajoelhada perante a luz da descoberta divina.
Estou, basicamente, confusa.

Há aquelas alturas na nossa vida em que começamos a ver a nossa própria mãe com outros olhos.
Geralmente, acontece depois de passarmos a cruel barreira dos 30.
Sair de casa é também um bom motivo para desencadear a libertação desses comportamentos ocultos.

No Domingo de Páscoa, eu e o meu irmão (com as mais recentes aquisições familiares) fomos almoçar a casa da minha mãe.
Estive, mais uma vez, a receber instruções de como se faz um pudim de ovos, coisa que sou capaz de fazer até de olhos fechados.
Há aquela parte em que, facultativamente, o chef de serviço pode colocar um pouco de Vinho do Porto.
A minha mãe, em vez de pudim de ovos, optou antes por um pudim de Vinho do Porto.
Obviamente devido à brutal quantidade de néctar que despejou lá para dentro.

Marta - “Ó mãe, não terás exagerado um bocado?”
Senhora Dona Ana Maria, mãe da Marta – “Não, claro que não! Assim é que fica bom!”

Duvidei das suas palavras, porque no momento em que ela me disse isto, estava a lamber convictamente o gargalo da garrafa-de-enfeitar-a-mesa-que-tem-o-Vinho-do-Porto-lá-dentro, e os dedos.

Foi, em termos gerais, um almoço animado.
Ninguém teve aquela tradicional tendência pascal de matar o seu próximo.


Tuesday, March 25, 2008

O que Marco não vê…

…o que Marco não sabe, Marco não sente.

Podia ser o brilhante início do argumento uma nova novela da TVI, mas não é.
Não posso ver tesouras à frente. Dou cortes marados no cabelo.
Está incontrolável.
O Marco, quando der por ela, tem um colapso.
Pode ser que, assim, consiga perceber para que lado quer ir, afinal.
Há males que vêm por bem, é o que dizem…

Monday, March 24, 2008

O blog da moda, ao contrário do que, às vezes, possa parecer, até é adepto da Democracia.

Isto apesar de uma das pessoas que moram na cabeça efervescente da autora ser um dos membros mais proeminentes da corporação “Lápis Azul, S. A.”.
O Baldomero. Isso explica muita coisa…

Logo, apesar de, aqui por estes lados, a opinião em relação a este assunto importantíssimo já estar formada, põe-se aqui ao estimado leitor a possibilidade de seleccionar pessoalmente, e de acordo com o seu juízo mais íntimo qual das sugestões se aplica mais adequadamente à situação.

Assim, o pedido do blog é que dê a sua mais sincera opinião sobre o novo penteado do Miguel Veloso.

Hipótese 1 – É uma autêntica obra de arte.

Hipótese 2 – Foi a minha mãe quem lhe cortou o cabelo.

Hipótese 3 – Foi a minha mãe quem lhe cortou o cabelo com uma tesoura de poda.

Hipótese 4 – Foi atropelado por um corta-relva desgovernado.

Hipótese 5 – Quero lá mas é saber disso, eu até nem sou do Sporting!

Hipótese 6 – Não me interessa. Sou lésbica.

Hipótese 7 – Quem??


Infected Mushrooms.

Emma Shapplin. Inshirah Remix 2006. Use you illusion I. Appetite for Destruction. Cruelty and the Beast. Fingertips. 30 Seconds. 30 Seconds o DVD. E mais 30 Seconds - se os c***** dos CTT me extraviam o bilhete para o concerto, nem sei o que lhes faço, mas vai ser qualquer coisa que me vai obrigar a ter um agente de condicional para o resto da vida!
É o que se tem passado este fim de semana.
E ainda os Tokio Hotel, só por gozo!!
Encontrei um tal de software de escrita que dá pela graça de “yWriter2 by Spacejock Software”, que me tem deixado maluquinha e brutalmente hiperactiva!
Passei os feriados da Páscoa agarrada à máquina e a meter – literalmente – litradas de chá preto para dentro! Até comecei a dar uso à “McTruck Mug”! Obrigado, Mary Shelley, pensas em tudo, filha!
Ena pá, até dá para meter as N/A, que máximo!!!
Marchou tudo! Até as fan fic!
Hollywood, preparem-se aí!
Agora não, mãe, não posso atender o telemóvel!
Ainda por cima, acho que estou a desenvolver de forma galopante o Sindroma José Cardoso Pires. Imagino-me, daqui a alguns anos, escritora relativamente famosa, no autocarro; vejo uma pessoa com uma obra minha, vou até ao pé dela – “Dá-me licença?” – agarro no livro e corrijo o que ainda não me parecer bem, ou acrescento mais uns adjectivos!

The Ultimate McTruck Mug




The Ultimate McTruck Mug no mundo real, ou por outra, no mundo insano que é a cabeça da autora deste blog específico…
Isto deu forte, deu!!!

Thursday, March 20, 2008

Em jeito de celebração pré-pascal.

Ou, afinal, a verdadeira e macabra história por detrás dos Dez Mandamentos.

A autora deste blog não vai muito à bola com a dita “Igreja”, há que dizê-lo com frontalidade.
Calculo que tenha qualquer coisa a ver com aquela encarnação em que fui queimada na fogueira, mas o que é certo é que os métodos destes gajos nunca me inspiraram confiança – guerras santas, Inquisição, fanatismo, velhos babados a beijar os pezinhos do menino, enfim.
Depois, os exemplos nunca foram os melhores: o estafermo do Padre Horácio tinha o domínio lá da terrinha, e andava sempre a sacar dinheiro ao pessoal para as “obras da igreja”, que nunca andaram para a frente, enquanto as brutas vivendas dos seus “sobrinhos” e “afilhados” cresciam a grande ritmo. E tinha o estranho hábito de estalar os dedos às criancinhas todas que apanhava a jeito. Era estúpido. Mas antes isso do que as convidar para uma visita guiada ao confessionário…
De qualquer maneira, ainda fui para a catequese, porque lá falavam de um tal J.C., que era um fixe. E o Judas. O Pedro era um vira-casacas. Eu cá não confiava nele.
Mas há que ver que a Bíblia até é uma leitura interessante, apesar de alguns Concílios terem decidido como é que iam, em termos concretos, fazer a lavagem cerebral aos crédulos, e por isso terem ficado de fora coisas muito mais interessantes e definitivamente mais sumarentas!
Daí que seja uma pessoa, digamos, mais aberta a teorias alternativas.
Mas hoje estamos aqui para falar, mais concretamente, de uma conjectura que surgiu agora – atempadamente, diga-se de passagem… - elaborada por um senhor chamado Benny Shanon, Professor de Psicologia da Universidade Hebraica de Jerusalém, que andou a fumar umas coisas engraçadas – umas ervinhas designadas Hoasca e harmal, cá ficam os nomes para os experimentalistas dessa nobre ciência que é a pesquisa de Drogas Leves, ou não tão leves assim.
Ora o nosso amigo, numa noite em que estava assim agastado e não conseguia sintonizar a TVI porque um torpedo tinha arrancado a antena à estação de emissão do seu bairro, bem como os últimos dois andares da mesma estação de emissão, lembrou-se de ir dar um giro até ao deserto e fumar umas ervitas que por lá encontrou.
Ora o dito arbusto que o senhor Shanon fumou deu-lhe aquilo a que ele chamou uma “moca do ca*****!”, em que ele sentiu, nomeadamente, “uma trip sagrada, com direito a trovões, relâmpagos, fogo, trombetas do céu, sons musicais e vozes”, muito parecida até a uma que teve no Brasil, há uns anos, quando era jovem, inconsequente, e andava em companhias duvidosas.
Daí, o nosso amigo concluiu que só pode ter sido uma cena dessas o que aconteceu ao Moisés e aos Dez Mandamentos escritos na pedra, uma vez que o autor desta teoria não acredita “em nada dessas fantochadas como acontecimentos cósmicos sobrenaturais ou em lendas”.
Moisés andou por ali com os seus companheiros, há muitos séculos atrás. Obviamente, sem nada de maior que os entretesse, certamente acabaram por fumar o que lhes apareceu à mão, entre outras actividades lúdicas a que jovens mancebos se podem dedicar sozinhos, à noite, num deserto.
Consta até que a cena se passou da seguinte forma:
Companheiro inebriado de Moisés -“Eia, Moisés, esta é melhor que a do Sharik! Até estou a ver umas cenas que parecem uns Mandamentos Divinos! O que é que se faz com isto?”
Moisés inebriado - “G’anda pedra…”



P.S.1: Gajas de Portugal (e etc): hoje é dia de fazer Arroz-Doce! Vou fazer um que desvairava o Eça! É o que aparece na “Relíqua”. E vou comê-lo todo sozinha!!!

P.S.2:Tem um gajo de vir lá dos confins da Noruega para abrir os olhos a uma pessoa!
Boa Erik, o primeiro que publicar ganhas autografado!


Wednesday, March 19, 2008

Non, je ne regrete rien, jamais! Qu’el espectacle !

Alberto João Jardim, inspirado e sensível, agora que se aproxima a data em que irá abdicar de actividades que lhe preenchem a maior parte do tempo, pretende realizar filme sobre a vida de Edith Piaff, e ambiciona até protagonizar o papel principal.

Adelaide Ferreira é um dos nomes avançados já para a preparação da banda sonora da obra, mas o grosso da composição e arranjos musicais estará a cargo da Banda Filarmónica e Rancho Folclórico da Sociedade Recreativa e Cultural de Vale da Borra/ aka Tasca do Senhor Apicultor Hildebrando, que cedeu também o material que a Banda Filarmónica da GNR irá utilizar para fazer a primeira parte dos GNR no Pavilhão Atlântico, nomeadamente os dois sets de triângulos, o acordeão do Senhor Apicultor Hildebrando e o adufe da Alzira Barbuda da Conceição.

A empresa “Lápis Azul”, a cargo da produção do épico, no entanto, revelou já que não irá autorizar momentos de maior intimidade da Diva, designadamente as cenas em que Edith Piaff depila as pernas, os sovacos, corta as unhas dos pés e sai da banheira exoticamente envolta em espuma e vapor.

Pelo que as fontes do blog apuraram, Alberto João Jardim está já a ter aulas intensivas de Francês com Mário Soares, depois de ambos enterrarem simbolicamente os seus machados de guerra, e a aprender a travar charros de erva da boa com o Carlão dos Da Weasel

O nome da obra cinematográfica ainda não está decidido, mas os rumores indicam qualquer coisa do género “Beija-me na boca e chama-me Tarzan”.

Por fim, a Banda Filarmónica e Rancho Folclórico da Sociedade Recreativa e Cultural de Vale da Borra/ aka Tasca do Senhor Apicultor Hildebrando, gostaria de deixar aqui um profundo e sincero agradecimento ao Senhor Apicultor Hildebrando, Presidente da mesma Banda Filarmónica e Sócio-Gerente da dita tasca, por ter cedido a carrinha.


Tuesday, March 18, 2008

Blog meteorológico, ou o Apocalipse está para breve, podem contar com isso.

No mês Março, essa colorida época primaveril do renascimento da Natureza e do despertar das hormonas dos malditos adolescentes (nomeadamente os exemplares femininos que choravam que nem Madalenas com o cancelamento do concerto dos Tokio Hotel), regra geral, a previsão do boletim meteorológico para o continente (deserto incluído), oscila entre dias sombrios de Inverno, frios e escuros, com ou sem chuva, e estupendos dias de Verão em que, sim, é possível estar uns momentos agradáveis ao sol, e quiçá apanhar um bruto escaldão, daqueles em que um incauto fica com o aspecto de uma lagosta bem cozida.
Em Peniche, regra geral, o tempo manifesta-se sempre por aquilo que os especialistas mais conceituados designam por “merdoso”.
É mesmo essa a palavra.
Nortada forte e cortante de cegar uma pessoa que leve com o vento de frente nos olhos, frio durante a maior parte do ano, humidade vinda do mar, que, por aqui, há em variados lugares, nuvens carregadas que aparecem de repente da zona da costa (qualquer uma delas ou, o que é mais divertido, pelo menos para o S. Pedro, de várias ao mesmo tempo!), rajadas súbitas e constantes que quase nos arrancam do chão, tudo isto é perfeitamente habitual por estes lados.
Ao fim de uns quantos meses, uma pessoa habitua-se. Ou quase. Ou não.
O que é certo é que ontem, num dia em que, se estivesse em Lisboa, há um ano atrás, eu consideraria”merdoso com’ó caraças”, olhei para ele e, regra geral, até me pareceu um dia agradável…


Monday, March 17, 2008

O blog torna-se amigo da proliferação selvagem da publicidade.

Isto é como quem diz, a extasiada autora do blog gostaria de informar que os chocolates novos do Pingo Doce são de estalo!

Tal descoberta deu-se porque no outro dia, à tarde, marchou uma tablete inteira de 200gr com uma mixórdia que continha um mínimo de 30% de cacau e CARRADAS de avelãs.

Deu origem a um enjoo do caraças, porém.
E o mundo começou subitamente a piscar de forma inexplicável.

Não sei quando é que quero ver avelãs à frente, outra vez…

Do de amêndoas inteiras não me esquivo, aviso já! Huuuummmmm…. =)

Já agora, os pacotinhos individuais de café instantâneo, marca Pingo Doce, são autênticas bombas nucleares de cafeína!
Ideal para quem quer deixar logo tudo aos pulos!
Para que mais é que serviriam, afinal?


Friday, March 14, 2008

Já que se abriram as torneiras…

Mais um tenebroso ao mesmo tempo que humilhante e relativamente purgante a nível da alma capítulo da tal Sequência consagrada a esse misterioso tópico constante nas vidas de todos nós: “Traumas da minha Infância”.

Episódio 2.

Os Clubes.
Especificamente, o “Clube do Pessoal que Entalou a Cabeça Pelo Menos Uma Vez nas Grades da Varanda ou do Portão”, do qual esta fabulosa autora, numa atitude de inédita coragem, assume fazer parte!
Acontece aos melhores. Seja por natural azelhice, ou mesmo por precoce curiosidade científica.
Bem, e porque não, afinal?
O que é facto é que nunca fui um génio na Matemática, mas podia perfeitamente ter percebido isso aos 4 anos de idade, quando o meu padrinho – esse, sim, um crânio nessa ciência – andava com jeitinho a ver se desatarrachava a pinha da miúda das grades sem a deixar destrambelhada.
O que verdadeiramente me deixou destrambelhada – pelo menos, penso, foi uma das razões mais fortes – foi o ter caído a rebolar pelas escadas abaixo de costas (para aí uns 30 degraus, mas alcatifados!), pouco tempo depois. E ter batido fortemente com a cabeça no chão quando estava pendurada no muro. E quando estava a aprender a andar de bicicleta da primeira vez.
Mas querem que eu conte todas as vezes que bati com a cabeça???

O clube que arreliava o meu irmão, mas que a mim não me chateava sequer era o “Clube dos Miúdos Cujas Mães os Avisam para Limpar o Surro Atrás das Orelhas e que Depois Duvidam Escandalosamente da Sua Palavra e Vêm Confirmar, Nem que Seja no Meio da Rua ou ao Portão da Escola”.

Creio que este clube tenha afligido muitos infantes por esse mundo civilizado fora.

“Ai, Miguel, eu não te mandei lavar bem as orelhas?” – e depois saca do lenço de papel, molha a língua na ponta e esfrega vigorosamente com uma mão, enquanto que com a outra destaca a respectiva orelha vários centímetros fora do seu lugar, o que resulta numa figura verdadeiramente ridícula para a pessoa que está a ser vítima deste exímio tratamento.
Acho que o meu irmão ainda tem pesadelos com isto.
Pelo menos, parece-me que tenta encolher as orelhas de cada vez que a minha mãe se chega perto…
Eu sempre cheguei atrás das minhas orelhas.

E depois, o “Clube do Fato de Treino Vermelho, ou Azul, com Duas Riscas de Cada Lado e a Marreca na Frente que Tínhamos de Levar nos Dias de Ginástica e Que nos Fazia Parecer a Todos Uns Parolos Sem Tirar Nem Por”.
O meu era vermelho.
Isso pode explicar muita coisa.
E depois, quando ficava curto… trocava-se por outro igual! Original!!

Acho que por hoje já chega de terapia!
Não queremos ficar curados de uma assentada, pois não?
Até porque isto vai dar para umas quantas noites mal dormidas nos próximos dias…


Post Scriptum (escrevo por extenso em protesto, já que estamos numa de limpeza astral, por ter sido idiota e ter preferido as aulas de Psicologia em vez das de Latim, que eram muito mais giras, apesar da Professora La Salette ser um fóssil e cheirar como um): Gostaria de aproveitar esta forma genial de contacto que é a net em geral e o mundo místico dos blogs em particular para informar o Sr. Canalizador Implacável que ontem deixou cá em casa o seu material de trabalho. Aquele tubo da “silly c…oisa…”.
No caso de não se lembrar do quê, cá fica esta imagem – tremida, que porcaria, tinha logo que acabar a bateria da máquina nesta altura, tantos planos gloriosos que eu tinha…


Thursday, March 13, 2008

From the pits of Darkness they rise again!

Pessoal, os Corvos estão de volta!

Mal posso esperar por um concerto igual ao do CCB!

Ah... a magia da Música do Psico seguida do Bailinho da Madeira...

Podem espreitar!

http://www.myspace.com/espantaespiritoscorvos



A veia humorística com requintes de distorção e as suas origens.

Sequência (porém não por ordem – quando publicar logo se vê) consagrada ao tópico “Traumas da minha Infância”.

Episódio 1.

Anos 80.
Época obscura, essa.
Carregada de coloridos intensos e descoordenados, de noções de hábitos de vida inconcebíveis nos dias de hoje, como dar mioleira às criancinhas, carradas descomunais de Planta, doses mortíferas de marmelada, iogurtes da Vigor em caixas de plástico quadradas.
Havia 2 únicos canais de televisão, que inspiram as brincadeiras e os desejos dos gaiatos – “Quando crescer quero ser detective e ter um Citroën Dois Cavalos vermelho!”, “Quando crescer, quero ser o Super Homem e usar cuecas vermelhas por cima de umas calças de licra azuis!”, “Quando crescer, quero ser gira como a Bea do Verão Azul, e quero ter maminhas!”, “Quando crescer, quero ter um namorado giro e com caracóis louros, que entre no carro pela janela a uivar que nem um possesso!”
Basicamente, o pessoal não tinha muito que ver na televisão, mas ficava logo com o cérebro aos pulos, e cheio de ideias tipo… parvas.
Até aqui, nada de muito fora do normal. Deve ter sido assim a vida de qualquer criança portuguesa, fosse ela de S. Bartolomeu de Messines ou de Bragança.

Dependendo, é claro, das pessoas que entrassem na vossa vida.

Ora aqui é que entra a senhora minha avó – a famosa (lá no bairro) D. Amélia!
Lá em casa éramos 3 gaiatos: eu (podemos chamar-me, vá, de Marta), o meu irmão (podemos chamá-lo, vá, de Miguel) e o meu primo (podemos chamá-lo, vá, de Filipe). Eu era a mais velha, o meu irmão mais novo quase 2 anos, e o meu primo quase 5. Andávamos sempre juntos.
E todos os Verões fazíamos ou reconstruíamos uma cabana em cima de uma oliveira, no mato ao pé de casa, subtraindo algum material do armário das ferramentas do meu avô.
Mas as coisas não são bem como as vemos na televisão.
Numa tarde quente de Julho, o sol quente a bater-nos nas costas, a luminosidade a cerra-nos os olhos, o zumbido morno das abelhas o único som, além das marteladas decididas, estávamos nós embrenhados na construção do nosso refúgio desse Verão.
Cada um ocupado da tarefa que tinha sido incumbido, estávamos concentrados e algo desligados do mundo.
Pelo menos, o Filipe estava.
Assim, quando o Miguel, que estava no primeiro piso da barraca, no cimo da árvore, lhe pediu o martelo, o Filipe, que estava no chão, de cócoras, a serrar uma tábua sei lá para quê, agarra no martelo e atira para o ar, de costas – tipo como as noivas fazem como bouquet… - SEM OLHAR E SEM VER SE ALGUÉM, DE FACTO, O APANHAVA.
Ora, era previsível o que realmente aconteceu. O Miguel não estava a olhar, não viu o martelo, e não o agarrou. Este bateu na árvore, fez ricochete, e foi acertar em cheio na cabeça do Filipe, que se começou a esvair em sangue.
Fomos aflitos a correr para casa, mas aquilo foi só fogo de artifício. Nem sei como é que saiu tanto sangue de um buraquinho tão pequeno.
Meia hora depois já estávamos de volta ao nosso trabalho, e o Filipe estava pronto para outra, mas agora sem ser parvo, é claro!
Mas o pior ainda estava para vir!
A D. Amélia guardou a camisa ensanguentada.
“Para quê?” – perguntam-se vocês.
Obviamente, para, munida da sua melhor cara de tragédia do naufrágio do Titanic (e é mesmo muito boa, garanto!) e dos seus ais aflitos de mulher provinciana pregar um valente cagaço à mãe do Filipe, quando ela chegasse do trabalho…
Essa é que ia desta para melhor! Pelas cores que lhe passaram pela cara…

Portanto, acreditem!
Há muita coisa que, afinal, tem explicação!

Já agora, não me lembro de alguém dizer, porém, “Quando crescer, quero ser como o Duarte, e o Tó, e o Átila e o Padrinho, e levar valentes coças da Joaninha, e da mulher e da sogra do Duarte”…




Wednesday, March 12, 2008

O blog dedica-se à análise dos males da sociedade…

…na sua demanda para ajudar o Vaticano a encontrar mais pecados giros para impingir aos crentes, fanáticos, fracos de espírito e pessoas sem mais nada de útil que fazer em geral!
Ora cá vão! Sejam bonzinhos, ou vão recambiados para as Fornalhas do Chifrudo, já sabem! Bem, pelo menos é o que eles dizem…
Eu, só hoje, já quebrei uma data deles…
Mas eu sou uma alma perdida.

1) Não gozar com as forças policiais, nem em pensamento, mesmo que o PSP que vá à sua frente na rua tenha um rabo como o da Beyoncé e que o abane da mesma maneira, apesar de ter farda vestida.

2) Não fazer graçolas com o seu Primeiro Ministro, especialmente se ele tiver o nome de um filósofo Grego da Antiguidade famoso.

3) Ler toda e qualquer coisa dessa criatura demoníaca que é o Saramago é algo que irá enfarruscar a sua alma de forma irreversível. Não pegue em nada do que possa ter passado pelas mãos dele. Nem que seja um folheto turístico de Lanzarote!

4) Votar sempre no candidato da Operação Triunfo no Festival da Canção, mesmo que a canção do Gimba seja OBVIAMENTE a mais fixe e dê um bailinho às outras todas.

5) Não faça uma pausa na sua vida nem revire os olhos e sorria agradado imaginando o Axl de saia escocesa a abanar a anca como só ele sabia fazer cada vez que ouvir a malha do “Sweet Child of Mine”. Sininho, estás tãããão lixada…

6) Não inveje os Espanhóis só porque eles ganham bué mais que nós, têm uma Zapatona assumida como Primeiro Ministro e um cigano mais bonito que o nosso – eles têm o Joaquín Cortez e nós o Quaresma…Olé!

7) Não faça piadas veladas ao bom nome do seu Primeiro Ministro.

8) Não oiça rock logo de manhã. Isso é um pecado horroroso, que lhe dá acesso directo aos Portões do Maldito!

9) Não publique no seu blog pessoal imagens alteradas do Santo Papa, nem que seja uma com o Jared Leto, que até é mais jeitoso e faz melhor figura. E nem diz tanta parvoíce. Nem está xexé.

A Gula, um dos pecados estabelecidos já desde o século VI pelo Papa Gregório I (e que antes até nem era pecado), é despromovida de Pecado Capital, em virtude do Vaticano estar agora em condições de não poder quebrar certos contratos que mantém com determinadas companhias de produtos alimentares, que lhes enchem também os cofres de benesses a troco de publicidade. Tipo terem os pacotes de Chocapic à mostra quando lá vai a televisão.
A Gula juntou-se ao Protesto Estou Farto de Ser Tratado Como M***, do qual faz também parte o Plutão, despromovido de planeta há uns tempos.

P.S.: Cá está mais um aventuroso episódio da valorosa e ligeiramente idiota Demanda do Jarro Sagrado, a cargo do bravo D. Epifânio e do raramente sóbrio Baldomero, que teve de ser ameaçado de vergastadas para que este maravilhoso capítulo fosse cuspido para o mundo. Como ele rejubilou com a perspectiva próxima de ser vigorosamente açoitado, ficou combinado que, se realmente fosse célere na sua tarefa, levaria das boas. Et voilá!

É ver aqui ao lado, nos links!




Tuesday, March 11, 2008

Porque é sempre perigoso quando uma mulher entra num cabeleireiro…

…precisamente porque, às vezes, sai de lá com madeixas vermelhas, ou com o cabelo por menos da metade. Além de que, de todas as vezes, estoura uma batelada de eurios!

A Sra. D. Maria Amélia, senhora minha avó foi, na sexta-feira, à cabeleireira, dar um jeito à sua permanente.
A menina do “Gabinete de beleza”, profissional competente da área da beleza estética, perguntou-lhe se ela queria fazer o buço.
A minha avó entrou na onda, e achou boa ideia, uma vez que nunca se tinha aventurado nesses atraentes caminhos.
Logo, tornou-se na primeira pessoa que eu conheço que tirou o buço na parte superior do lábio, na parte inferior do lábio, no queixo, nas bochechas… e no pescoço…
Mas foi com cera, e não com a navalha de barbeiro…

Também não sou a pessoa certa para opinar nestes assuntos, uma vez que não sei onde é que anda a porcaria da minha gillette, e tenho as pernas a parecer as de um homem das cavernas… ou, como diz o Sérgio, uma mulher da província. Mas ele é da Terceira. Não imagino quais sejam os seus critérios.

Já agora, ir cortar o cabelo, na gíria comum portuguesa, diz-se “ir ao baieta”.
Se o cabeleireiro for gay, pode-se dizer “ir ao rabeta”, não pode?



Monday, March 10, 2008

A realidade tal qual ela é…

…hilariante!


Notas soltas da mente da autora, ou certos parafusos desgovernados e a alta velocidade, sei lá…

(a esta altura do campeonato – com o Sporting no 5º lugar, aproveito para informar! – a Sininho diria qualquer coisa do tipo “Welcome to the Jungle”, ao que eu lhe responderia qualquer coisa mais do género “ready to crash and burn – I’m in the nightrain”).

Caso idiota do fim de semana 1: O Bryan Adams, pessoa que adora merendeiras e que, segundo um jornal publicado quando ele cá veio no ano passado “quer encontrar uma boa mulher portuguesa para casar”, mais uma vez, espantosamente, veio cá actuar. Não sei porquê, atiraram-no para o Maxime, para um concerto à tarde. Até aqui, parece tudo bastante normal. Mas o que é facto é que, depois de alinhar numa actuação no Maxime, Bryan ainda parecia convencido que tinha sido convidado para um programa chamado “Sexo à Noite”… E depois, nós achamos que o Ozzy é que tem o cérebro todo comidinho! Bem, de facto…

Caso idiota que tem sido a maldita abertura dos noticiários todos 2: A manifestação dos professores teve, parece, mais polícias a vigiar que um Sporting-Benfica. Ficamos assim a saber que, afinal, os professores são muito mais perigosos que os hooligans. Obviamente.
Além disso, segundo o Santos Silva (aka senhor que não gostou nada de ser assobiado de forma injuriadora por professores à saída de um tal de “congresso”), um ajuntamento de umas quantas centenas de professores que se manifestam é uma atitude anti-democrática.
Não seio que ele considera o facto de o governo actual – reparem, estamos em 2008 – ter mandado a polícia às escolas na véspera de uma manifestação para saber quem ia aderir, mas isso a mim pareceu-me uma atitude obviamente pidesca.
Além disso, tomei-o de ponta, porque ele disse mal do Álvaro Cunhal que, por acaso, é (agora sem respirar) das personalidades portuguesas que eu mais admiro, que ele era um chavalo cheio de estaleca!

Caso idiota que não sai da cabeça da homozigótica (estava danada para enfiar esta em algum lado) autora deste blog, caraças 3: Este, meus senhores (e senhoras!), (e abelhinhas!), é o país das possibilidades! Um lugar onde um homem (ou mulher),(ou abelhinha) pode ficar com os dentes presos nas redes da baliza que defende e originar um culto em que ele próprio (ela), (coiso…) é visto como Deus! E tem mais seguidores que o Abaças!

Caso viva os anos 80 poça 4: Para terminar o fim de semana em alta, o povo português descobriu algo de assombrar! É que tinha de ser o Markl a tornar-se na “única pessoa dos dias de hoje a usar a palavra “cassete” numa letra de música”.
Destas particularidades, o recorde é mesmo Português: o Jorge Palma tornou-se na “única pessoa do mundo inteiro a usar o termo “homem-bomba” na letra de uma canção”, e o Marco Paulo ainda detém o único “lady na mesa, louca na cama” que existe.

Friday, March 07, 2008

É tipo seguir as setas, hum?

Há pessoas concentradas. Outras são perspicazes e rápidas de interpretação. Outras intuitivas.

E depois há aquelas que são distraídas, despistadas, com a cabeça na lua, e frequentemente a andar à roda. Pessoas que tropeçam nos seus próprios atacadores. E ficam sempre com qualquer coisa presa em algum lado, tipo a mala, o casaco, a camisola, as calças, a cabeça. Pessoas que se engasgam a beber água. Pessoas para quem as escadas rolantes do metro do Chiado são perigosas.
É nesta última categoria que eu me incluo.

Nunca fui boa a fazer aquilo que se designa por “seguir os sinais”. Bem podem estar escarrapachados à frente dos meus olhos, que eu não os consigo decifrar.

E, depois das fases “Viagens no Tempo”, “Uma Aventura” e “Literatura Portuguesa do Século XIX” que atravessei na minha adolescência, respectivamente, ainda entrei de cabeça nos mundos do Paulo Coelho, da Marion Zimmer Bradley e do Richard Bach.

E não, até hoje, não consigo perceber sinais.

Assim, foi com gáudio que abri um mail que me mandaram ontem e que dizia: “CLEAN JOKES FOR SLIGHTLY TWISTED MINDS....”.

E diverti-me bastante até ao final do dito mail (diversão essa que partilho convosco, nas imagens seguintes).

Mas pareceu-me, não sei explicar bem porquê, que a frase que terminava o mail era um SINAL.

Alguém quer dizer-me alguma coisa de importância vital, mas eu continuo sem perceber o que será…

“Have a happy Mental Health Day”.

Já agora, gostaria de deixar aqui um apelo: que se trocasse o dia 8 de Março (amanhã) para “Dia da Liberalização das Inocentes e Quiçá Relaxantes Drogas Leves”, em vez de “Dia das Mulheres”, que parece que é assunto que traz alguma polémica. Pensem nisso.






















Wednesday, March 05, 2008

Reflexão intima… tipo, cá dentro e isso.

Na busca incessante e interminável do nosso “Eu” mais profundo, um indivíduo observa-se, experimenta-se, testa-se, analisa-se.

A autora deste blog, de forma imodesta, é claro, considera-se escritora.
Apesar de nunca ter publicado nada, para além destes humildes blogs que aqui vêm, anda sempre agarrada a qualquer coisa que escreva e onde dê para escrever, e fá-lo com relativa frequência. Nomeadamente a meio da noite.
Qualquer dia, daqui a muitos anos, quando eu já não andar com os pés neste mundo, descobrem um caixote com os meus papéis, acham aquilo muito jeitoso, publicam, eu torno-me brutalmente famosa (mas morta), e depois os putos têm de estudar as minhas cenas na escola.
Daí que me tenha debruçado sobre o tópico “melhor altura para escrever”, com que qualquer pessoa que escreva qualquer coisita é atormentada quando lhe fazem uma entrevista para a Nova Gente.
Alguns autores preferem escrever de manhã, outros de noite, outros durante dias seguidos, com a companhia de vários maços de tabaco, de várias garrafas de vodka rasca do Lidl, de gomas de ursinhos ou de tudo junto.
A autora deste blog também já descobriu o seu momento alto: é após a ingestão de cafeína.

Tipo: cafeína > estaleca > estaleca forte > brita > PUM!!
Já está!


Tuesday, March 04, 2008

O blog torna-se (mais ou menos) místico e interroga-se a si próprio e a divindade superior.

Anos 80.
Há muita gente que os quer esquecer. As cinturas apertadas. As calças com o tornozelo todo à mostra. As golas de renda. As popas na franja. As t-shirts largas com a manga curta pelo cotovelo. As cores berrantes a ponto de cegar os incautos. A maquilhagem dos Duran Duran. O penteado do Limal. O penteado da Serenella Andrade. O bigode do António Sala. E os óculos. O Carlos Cruz a apresentar o 123. Raios, a RTP em geral! Já viram os concursos?
Porque têm de voltar agora?
E, pior que isso, a onda de nostalgia que se prende com os filmes épicos e absurdamente nacionalistas americanos da altura, que se não estávamos cegos antes, estamos agora.
Rambo.
Terminator.
Indiana Jones.

Todos voltaram.

Quanto mais teremos que suportar, Deus?

É evidente a falta de coordenação mental destes americanos do século XXI.
O Vietname foi chão que deu muita uva, há uns tempos. Nos dias de hoje, nem os miúdos americanos sabem já dizer onde fica.
E o que é que anda um velhadas como o Rambo a fazer no meio das hortaliças da horta com uma camisola wife beater enfiada e todo besuntado de turfa?

O Terminator é daquelas coisas da vida que a gente pensa: “Bem, juntando todas as ideias que se aproveitam, isto é história que dá para aí para… um filme!” E nada mais que isso. Não se conceberiam sequelas!
O Arnie já não está em condições para estas andanças, e muito menos os Guns n’Roses. O Axl parece um javali obeso, e o Slash… bem, está nos Velvet Revolver (originais, hum!), e não queiram estar à frente do vocalista quando lhe pedirem para cantar uma música dos Guns…
O novo Terminator tem o Christian Bale, a ver se chama público, pelo menos as meninas, para ver o seu musculado peito nu (e eu aposto – eu, que raramente faço apostas! – que vai aparecer! É como ter um filme com a Jessica Simpson e ela não mostrar as maminhas, ou um filme com a Lindsay Lohan e ela não mostrar o rabo), e os freaks que prezam acima de tudo num filme um actor de olhar esgazeado e ligeiramente psicótico.
Mas quem eu gostaria MESMO que entrasse era o Sócrates, o Exterminador, com o seu fato de plástico amarelo! Até fazia gosto ir ver!

O Indiana Jones não comento. Ainda tenho o cérebro meio dormente. Era dos meus filmes preferidos quando tinha 8 anos, mas meter o Harrison Ford AGORA parece-me um exagero. Se calhar vou ver, apenas por curiosidade científica.

P.S.: Desculpa, Sininho, mas o Axl mete medo! Já não está o moço fresco e viçoso de 92. Temos pena. A ver é se apareces cá por estes lados, que eu tenho aqui um “Appetite for Destruction” novinho em folha para ti, que trouxe da Fnac, onde finalmente me fui desgraçar um bocadinho! Ah, e trouxe o dvd dos 30 Seconds!!! Isso é que foi para arrebentar! O idiota machista daqui do lado, que chama bruxa à sogra e que bate com as portas às 8h da matina é que não gostou nada, que ponho-lhe logo a “Battle of One” a abrir! Toma, cão!! Estava mesmo a precisar de um bocadinho de Lisboa! Já andava com falta de ver seres humanos. Até fui pelo meio da Rua Augusta, para chocar de propósito com as pessoas!! O Edu já te está a dizer que tenho de ir visitar o Leitão, não está? É que há quem seja da opinião que “escrever ajuda”, mas não observo melhoras ou outro tipo de evolução…


Pronto, anos 90, contente?

Monday, March 03, 2008

O Português comum e o seu coentro.

O blog da moda resolveu, desta feita, uma vez que a sua presentemente deslavada mas habitualmente mais tostada autora anda, assim à primeira vista, sem nada de mais importante para fazer, dedicar-se a dissertações filosóficas de cariz cultural, em termos gerais, e das peculiaridades da espécies lusa, em termos mais particulares.
Isto deve-se ao facto de, após mais uma jantarada bem regada, nesta ocasião com uma pomada vinda da Sicília, não directamente, pois correu o Norte de África todo, a luz ter chegado aos olhos da autora do blog que lêem, que viu sob outro prisma situações que, à partida, lhe pareceram curiosas, mas às quais ela não conseguia entregar uma explicação.
É coisa frequente de acontecer nestas alturas: descobrirem-se verdades, filosofias, curas para flagelos e sinais divinos. Além de contactos com seres de outros planetas.
Em Peniche, é habitual encontrar pessoal estrangeiro que vem à aventura.
E é sempre divertido conhecer pessoas e culturas diferentes. Logo, de quando em vez, temos pessoal desse cá por casa, para partilhar experiências.
Foi o que aconteceu um dia destes.
Convidámos o Brando e o Eirik para experimentar a especialidade lusa “Entrecosto no forno com batatinhas a murro”.
O Brando veio do Norte da Itália e trouxe o vinho, rapinado de forma ilegal e relativamente sorrateira da adega do padrasto. Tem muita dificuldade em dizer a palavra “amêijoas”, mas ensinou-nos várias palavras e expressões italianas que não vêm nos dicionários e desvairou com os Blasted Mechanism.
A forma como conheceu Tricky, o rafeiro que dorme com ele na carrinha e que podemos designar como “companheiro de viagem” foi, no mínimo, curiosa, e podia, realmente, dar um filme indiano de grande sucesso.
Ia o Brando para casa com uma bezana do caraças quando pára o carro ao lado de um cão que caminhava solitário na estrada, abre a porta do passageiro e pergunta, em italiano, claro: “Queres boleia? Anda, que eu levo-te.”
O quatro patas aceitou prontamente, e entrou no carro.
Sabem aquelas manhãs esquisitas, quando acordam de uma noitada e têm uma miúda desconhecida ao vosso lado na cama que não sabem como lá foi parar?
Pois o Brando tinha ao lado dele na cama um cão desconhecido que ele não sabia como lá tinha ido parar!
Afinal, o cão era de uns vizinhos, que o deixaram ficar com ele, e assim ele tornou-se Tricky, o cão co-piloto.
O Eirik é da Noruega e tinha um trabalho complicado e extenuante que incluía visitas a plataformas petrolíferas. Um dia, farto daquilo, disse a si próprio: “Se eu hoje vir uma baleia, largo esta m*** toda!” Passou a viagem inteira a olhar os fiordes pela janela do avião. Quase à chegada, finalmente, uma baleia dignou-se a presenteá-lo com a habilidade do rabo. Obviamente, quando assentou os pés em terra, despediu-se, agarrou numa carrinha e partiu em direcção ao sul.
Uns tempos depois, o avião onde ele viajava explodiu. Parece que se despediu a tempo…
E cruzaram-se estes povos diferentes aqui em Peniche.
Enquanto anda toda a gente convencida que o nosso passaporte para a fama, e a melhor forma de iludir os bifos, fazendo-os crer que somos pessoas normais, é apresentar o Cristiano Ronaldo ou a Mariza, os vulgo “estrangeiros” identificam-nos, na verdade, pelo uso excessivo que o Povo Português faz desta erva aromática, o que, apesar de ser um hábito comum para nós, é em quantidade absurdamente brutal para os camones.
Foi assim, num momento comum, num dia comum, que a autora do blog se apercebeu que, às vezes, complicamos demasiado as coisas.
Como descendente lusa e saloia raça pura, a autora do blog manifestou a sua veia de imperador romano (que eu tenho um imperador romano no nome!), e despachou logo toda a gente para a frente da televisão, para ficar como domínio da cozinha todo para ela.
Como pessoa civilizada com uma educação do Norte da Europa, o Eirik achou por bem vir até à cozinha perguntar se era preciso ajudar.
Mas isso foi só uma desculpa.
Logo a seguir, revelou os seus verdadeiros motivos: “Are you going to use coentros?”
Bem, parece que o desgraçado correu o Alentejo todo, e foi massacrado com o belo do coentro.
Não tive coragem de perguntar se ele queria coentros porque tinha gostado muito, ou se ele estava pelado de medo que, mais uma vez, uma mulher portuguesa numa cozinha portuguesa, o fosse obrigar a meter ainda mais quantidade de coentro para dentro do seu corpinho nórdico nada preparado para estas abruptas alterações genéticas.
Mas uma coisa é certa: o “Entrecosto no forno com batatinhas a murro” passou com distinção no teste!



Bem, não é com imagens destas que o nosso Cristy é conhecido, espero…