Há coisas que tenho dificuldade em aceitar. A Matemática, por exemplo.
Mas isso é outra história.
As reacções humanas, às vezes, também me deixam o cérebro em papas de sarrabulho, tal como uma noite de insónia depois de beber o chá errado à hora errada.
De facto, nunca percebi muito bem aquelas pessoas que passaram pelas chamadas “fases da adolescência”.
Tipo pessoal que hoje é muito beto e sai-se com cenas tipo: “Ah, e tal, eu quando era adolescente era gótica!”. E até sabem em que parte da feira de Sábado do Barreiro podemos encontrar as indumentárias adequadas, apesar de as vermos com a calça de ganga esterlicada e o pullover da Bennetton todo o santo dia.
Regra geral, quando isto sucedia, eu ficava com cara de cepo – como aquela que o Max o Cão Polícia exibia – a olhar para a dita individualidade, enquanto as pessoas cá dentro na minha cabeça se indagavam como isto era possível.
Bem, o Baldomero não pescava nada do assunto, que não era dos seus interesses particulares, e voltava a contar as moscas na sala, e a Constança tirava um fone do ouvido para ter a certeza que tinha mesmo ouvido aquilo que pensava ter ouvido, mandava dois ou três bitaites cáusticos porém terrivelmente reais, e voltava ao seu barulho.
Chegou ao extremo de, num belo dia dos idos de 98, estava o pessoal da minha turma daquele inferno na terra que é a ESE em estágio – tipo com criancinhas, uma vez que demos todos em professores – e eu estava ainda aos pulos com o concerto dos Moonspell no Coliseu na véspera, quando a Troll me diz: “Ah, e tal, eu gosto muito disso!”. No entanto, manuseava atentamente um cd da Céline Dion, segundo a própria, passo a citar, “é a minha cantora preferida!”
Não é possível deixar de indagar no assunto. Será que é à Céline Dion que o Fernando Ribeiro – aka Langsuyar, aka Porta-Aviões (para os realistas, e para a Mary Shelley, que utilizou sempre esta designação para me moer o juízo) - vai buscar a inspiração, afinal?
Será que, um dia, terei também a minha fase “beta”?
Será que é por eu ainda não ter mentalmente chegado à adolescência?
Quer dizer, bem vistas as coisas, ainda a semana passada delirei com um belo pack de slips da Pucca…
P.S.: A Troll era uma daquelas personagens caricatas que passou pela ESE de Lisboa. Tem um post inteiro dedicado a ela própria.
Seria um desperdício fazer apenas uma pequena referência a uma figura tão rica, cheia de sumo e de base!