Tuesday, February 26, 2008

Quando a milenar Guerra dos Sexos se eclipsa da face a terra,

…e dá origem a uma mistura de hormonas muito pouco natural – assim como um branco de carapinha, ou um mulato de cabeleira loira… espera, isso já é considerado natural nos dias de hoje… Estou confusa…

Para dizer a verdade, já há algum tempo tinha reparado neste processo de alteração da essência sexual da humanidade, bem como da sua coordenação. É bastante evidente nos dias de hoje, pelo menos desde o fenómeno Roberta Close.

Mas foi no outro dia, quando me dirigia calmamente ao quiosque onde vou habitualmente buscar o jornal, com os fones enfiados nos ouvidos a ouvir o meu barulho, e a prestar atenção à estrada para ver se sobrevivo mais um dia nesta urbe de loucos a conduzir mata-velhos, que dei conta da mais terrível evidência: a adolescência é uma raça que devia ser abatida.
Assim como a raça Petit, mas guardo essa cogitação profunda para outro post.

Esta foi uma daquelas ocasiões em que, se eu tivesse um poste da EDP à frente, tinha batido com a cremalheira nele. De novo.

Porquê?

Vou tentar explicar.

Uns metros à minha frente, caminhando precisamente na minha direcção, tinha uma adolescente típica lusitana: uma mistura de elefante indiano com morangos com açúcar. Vestia umas calças de ganga alguns números abaixo do seu tamanho, o que fazia com que as suas pernas parecessem bastante espremidas da celulite que na realidade possuem, mas que também a deixavam com um andar esquisito. Usava uma camisola arejada, que lhe deixava a cratera onde se deve situar (presumo) o umbigo a apanhar desmesuradamente o fresco ar de Fevereiro, bem como o excesso corporal que lhe insistia em baloiçar dos lados, de uma tonalidade que se pode designar por “cor-de-rosinha”. E ia agarrada a uma coisa que imagino fosse o seu “namorado”.

Ora o ponto fulcral desta situação, que até este momento é perfeitamente habitual em qualquer lugar deste país, desde a Fnac do Chiado até ao largo da igreja de Catraias de S. Paio, prende-se com a coisa que ia agarrada à donzela.

Isso mesmo, a COISA.

Aqui, uma pessoa como eu, que passou uma adolescência nos anos 90 (basta fechar os olhos com força e visualizar a Sofia Aparício), num liceu onde só havia duas variantes de adolescentes – os betos e os totós, - e que esteve exposta a imagens masculinas que podiam ser: 1) parvos borbulhentos vestidos de calças de ganga e blusão de ganga a combinar, com uma camisa às riscas azul-bébé a sair de um pullover azul da Benneton, e com a estúpida da franja nos olhos; e 2) parvos borbulhentos com óculos, pensa, atingindo um nível de compreensão que nunca esperava alcançar: “Até tive muita sorte!”

É que o exemplar imberbe que me apareceu à frente no outro dia, alapardado à lontra da namorada, era para lá da imaginação humana: ia a combinar com a sua Dama.

No pior sentido.

É que até podia ser uma coisa mais mentalmente salutar, como exibir o mesmo tipo de decoração capilar, e aí nós pensávamos: “Olha que giro, têm o mesmo penteado!”, ou irem acorrentados com umas algemas daquelas com pelúcia.

Mas não.

Ele levava uma camisola “cor-de-rosinha”. Feminina. Igual à dela. Que já de si era feminina demais para uma rapariga. Era mais o feminino tipo “Caniche Idiota da Minha Vizinha do Lado”. É mesmo um caniche idiota. Que exemplar masculino tem um ladrar amaricado como aquele e responde pelo nome de “Estrelinha”?

E, calculando que aquele “cor-de-rosinha” todo da camisola não o pusesse eficazmente em evidência, achou por bem levar o boné do conjunto, e esta era uma informação à qual eu não tinha acesso – tal como a grande maioria dos outros mortais: que estas coisas, parece, vêm em packs – a camisola para a dama, a camisola para o nigga, e o boné para o nigga, para se usar de lado, como pede o “estilo”.

Bem, de qualquer forma, não bati no poste porque não tinha nenhum à frente da cara.
Mas acertei com os pés na única poça de água da calçada. Com os dois.



P.S.: Cheira-me que a Bxana vai córtir aqui o gato-precisamente-à-beira-d’um-colapso-cardíaco-daqueles-que-fazem-uma-pessoa-mijar-a-sunga-ou-aquela-fralda-para-a-incontinência.

1 comment:

Troca Letras said...

Preciso que me ajudem a escolher os melhore de sempre da Musica Portuguesa
Está todo aqui explicado.