Wednesday, July 26, 2006

Um dia hei-de ser uma escritora bué famosa - parte 2

Aqui vai mais um dos textos para as manhãs da Antena 3 - é que estou a tentar meter uma foto do Argolas e não há maneira de conseguir...

Neste caso específico, pediram para descrever uma personagem tipicamente portuguesa. É um assunto muito batido, e nessa semana não tive mesmo tempo para inventar melhor, mas tenho a certeza que conseguia!


LITTLE BRITAIN

Ora bem, quando vocês pedem para descrever “uma personagem para o nosso pequeno Portugal”, eu presumo que não estejam a falar a sério!! É que não pode!! SÓ UM?!? Devem estar a brincar!! Eu vou fazer um esforço...

Eis a lista breve dos que encontrei só esta manhã, na minha viagem de autocarro de Santa Apolónia para a Graça, pelo 12, que demora um bocadinho mais, mas que tem a soberba vantagem de não ir por um verdadeiramente perigoso e alucinante caminho de calçada lisboeta num mini autocarro cheio de pensionistas que saem das pantufas às 8 horas da manhã para se pôr à porta da Farmácia 20 minutos antes desta abrir, e que abana por todos os lados – ainda por cima em pé!. Mas isso é outra história... tipicamente portuguesa, como não podia deixar de ser...

Ponto de partida: Santa Apolónia, Rio Tejo, mar, peixe... peixeiras!
Nem é preciso vender o peixe – há uma em cada esquina, em cada curva, em cada passeio, Raios!, em todo o lado – não se consegue fugir delas.
Geralmente identificadas à distância pela avantajada proporção das ancas, por uma potência vocal a roçar os níveis máximos da escala de medida do som e pelo inconfundível, óbvio e SEMPRE presente buço! Acompanhadas, regra geral, pela inseparável mala onde cabe metade do recheio da feira de Sábado nas Galinheiras, e com expressões lúcidas tipo “Eu parto-te os cornos, ó minha grande *****!!!”

Próxima paragem: o outro lado da estrada. Ora aqui temos um belo exemplar daquilo a que é habitual chamar o “típico macho lusitano” (por favor, não confundir com “macho latino”, sub-espécie com um cérebro e hábitos ligeiramente mais desenvolvidos – mas muito pouco, é claro!).
A sub-espécie “macho lusitano” é facilmente identificável pela barriga de cerveja, pelo subtil, quiçá rebuscado pullover de riscas à Abelha Maia, pela unhaca proeminente num ou, mais frequentemente, nos dois dedos mindinhos, a pachete preta da idade da pedra atulhada de papéis inúteis debaixo do braço, pelo sapato fino cheio de pó com a inseparável meia branca da raquete (devem vir assim de série) e pela pose inconfundível de “Tou a controlar-te, miúda, apesar de ter o pé esquerdo enterrado numa descarga do Piruças da senhora dali da frente!”.
Facilmente confundido com a Peixeira no que toca ao pormenor do buço.

Uma outra sub-espécie deste exemplar aparece de forma mais discreta: no interior tem todas estas característica (e outras que se adivinham...), mas o exterior é emoldurado por uma fachada de fatinho armani da feira de Carcavelos, meio frasco de perfume despejado nessa manhã pela cabeça abaixo, e outro meio frasco de gel do Lidl no cabelo, numa tentativa frustrada de o dominar.

Uma versão ainda mais excêntrica é representada soberbamente pelo conhecidíssimo Zézé Camarinha e ... não é preciso dizer mais nada...

Há também aquilo a que eu chamo a versão humana do Max, aquele cão de uma fabulosa série de televisão de um canal que não se pode citar, que eles não me pagam nada: babam-se, falam fora do tempo, fazem publicidade a produtos de cão e, na maior parte das vezes, andam com cara de cepo...

Depois temos aquelas “idosas” de canadianas ou, nos dias bons, de andarilhos, que teimam em atravessar as estradas à beira da passadeira, SEM OLHAR!!, precisamente quando um autocarro várias vezes maior que elas vem a abrir pela ladeira acima. Meus amigos, apostas abertas na Bet and Win!

A par destas surgem com frequência as testemunhas não sei de quem, que a maneira mais fácil de afastar é dizer muito educadamente: “Peço desculpa, minha senhora, mas eu sou satânica e faço adorações ao demónio / capeta / belzebu / barbudo / comuna / satã / cornudo / o vermelho / o Saramago!” (é para escolher só uma, mas todas funcionam, que já as experimentei. É à confiança!).

E há depois aqueles cujo próprio nome é a definição da personagem tipicamente portuguesa (tal como, por exemplo a Madonna é conhecida por um único nome, ou o Prince, ou até mesmo Cicciolina!). Como disse, a minha lista é muito breve – bem vistas as coisas, a viagem de autocarro dura uns 15 minutos – e está sempre a ser actualizada, ou não estivéssemos em Portugal, um país já de si típico.

Eles são:

Petit (aka Armando Teixeira)
Alberto João Jardim
Manuela Moura Guedes
Isaltino Morais (por causa do buço)
Fátima Felgueiras (gostei da saída estratégica!)
Marisa Cruz
João Vieira Pinto (lembrei-me por acaso...)
Madre Teresa de Calcutá (ganda maluca)
O cão serra da estrela
A posta de pescada
O pires de caracóis e a bejeca (agora nas versões Bohemia, Green, Abadia, sabor a malagueta e light sem colesterol)
O Padre Delícias, digo Melícias...
Alberto João Jardim (sempre em todas, este homem!!)
O Major
O coelhinho da Páscoa
O Manuel Luis Goucha e a sua assistente loira que lhe dá os textos, ajeita a gravata, põe base por causa do brilho das luzes do estúdio, lava as escadas, desentope a pia, aspira as casotas dos mais de 5 e menos de 50 cães que ele tem, E AINDA sorri para a câmara!!
O Santana Lopes!! E acho que aqui podemos enfiar mais alguns candidatos para a Câmara de Lisboa, como a Bárbara Guimarães, qualquer coisa do clã Soares e talvez o Carrilho, apesar de ele não ter sido propriamente aquilo a que se pode chamar de candidato – foi assim mais “castiçal”, “emplastro”, espanta-******”.
Carlos Cruz – acho gira esta coisa dos pintas arranjarem sempre maneira de escapar!!
O Alberto João Jardim
O Pinto da Costa
Aquele senhor do Algarve que até apareceu na televisão por ter feito 9 virgula tal no teste de álcool do guarda da BT
Abel Xavier
A maior parte dos jogadores de futebol, para dizer a verdade... (menos o João Moutinho, que é um puto todo fixe!)
Manuela Ferreira Leite
A Fátima Lopes da televisão
Carla Matadinho (que exerce nos rapazes o mesmo efeito que exerce nas raparigas aquela canção do James Blunt)
E, como não podia deixar de ser, o Alberto João Jardim!!
E não tenho tempo para mais, que o patrão é bem capaz de me descontar no ordenado. E já se podia acrescentar mais uns quantos aqui à lista...

1 comment:

O Embalador de Codornizes said...

Também mandei uns textos para a as manhãs da Antena 3 para o concurso das agentes secretas (o texto está no meu blog com o titalo "COMUNICADO
Abaixo torna-se pública a lista de Agentes Secretas Portuguesas seleccionadas para o programa de formação no FBI em Nova York"

penso que também vou ser um escritor famoso, tou lá quase!!

Gostei da tua freak escrita!